Vários hotéis não possuem sistemas de proteção contra incêndios, expondo seus hóspedes a um grande risco.
Em artigo anterior conversamos a respeito de conscientização dos riscos em ambientes diferenciados, especificamente, chamamos a atenção para os projetos de Sistemas de Detecção e Alarme de Incêndio para HOSPITAIS. É importante ressaltar que existem outros ambientes onde os riscos também são muito elevados em função das características da edificação.
Tomemos como exemplo um tipo de edificação cujo número está em crescimento explosivo atualmente e, segundo as previsões e as informações passadas pelos investidores, deverá triplicar ou quadruplicar até o quarto trimestre de 2012: os HOTÉIS.
Estes edifícios possuem características muito próprias devido ao fim a que se destinam; assim, é incrível que pouca ou nenhuma atenção seja dada para o correto planejamento e projeto dos Sistemas de Proteção contra Incêndio. Estatísticas internacionais comprovam o número elevado de incidentes quase diários nos hotéis e motéis, não contando com os incêndios de médio e grande porte que, estes sim, são de interesse da mídia, portanto, sempre alardeados com toda a pompa pelas grandes redes de televisão.
Os incidentes menores, porém, que representam o mesmo potencial de perigo que os incêndios anunciados (pois, na verdade, todos começam pequenos e quase despercebidos, como qualquer incêndio que se preze ), são um constante pesadelo dos gerentes e responsáveis pela segurança de um hotel, seja ele de seis estrelas ou um típico hotel para turistas de fim de semana.
As grandes redes hoteleiras, que possuem o seu próprio departamento de engenharia, sabem muito bem o nível de risco de um hotel, pois têm um banco de dados referentes aos chamados incidentes, de fazer inveja a muitas empresas prestadoras de serviços de dados por computador.
Estas informações mostram claramente os seguintes perigos potenciais no hotel:
– Em primeiro lugar, o próprio hóspede.
– Sistemas elétricos e de energia em geral.
– Incêndios intencionais ou criminosos.
– Sistemas de aquecimento e/ou refrigeração (ar condicionado).
– Cozinhas.
– Outros e/ou de origem desconhecida.
O risco de incêndio nestas edificações é determinado pela carga de fogo nos quartos, nas áreas do prédio. Ou seja, a carga de fogo num hotel pode ser classificada de “baixa” a “média”, dependendo do tipo da construção, decoração e carpetes, se o prédio é antigo ou novo e assim por diante. Outro risco elevado é representado pelas reformas, pois geralmente a carga de incêndio é alterada drasticamente devido a mudança dos móveis, cortinas e demais equipamentos típicos de um hotel.
Outro item que desbalanceia completamente a carga inicial ou prevista, são as atividades paralelas e intermitentes como congressos, seminários, mostras ou feiras. Assim, estas edificações sofrem alterações muito grandes durante a sua vida normal, ou seja, qualquer projeto de Sistema de Proteção contra Incêndio, que não leve em consideração todos estes fatores, sem dúvida nenhuma, não irá ser adequado nem dará as condições mínimas para que seja feita uma cotização decente, nem permitirá ao cliente, ou seja, ao hotel, escolher o sistema e os equipamentos mais adequados para o seu caso.
Riscos de Incêndio
Os riscos de incêndio provêm basicamente da quantidade de fontes de possíveis ignições e carga de elementos combustíveis que se encontram num determinado ambiente, área ou edificação somadas à probabilidade destas ignições ocorrerem. Em hotéis, o perigo de incêndio praticamente está em toda parte, como exemplo podemos citar como principais causas e/ou fontes de princípios de incêndio:
ÁREAS COMUNS – Os incêndios são resultados de:
· Falhas elétricas que ocorrem nos sistemas de alimentação, motores, ventiladores, aquecedores elétricos, iluminação, transformadores, curto circuitos, sobrecargas, etc.
· Manutenção e reparações, nestes casos resultantes de soldas elétricas, chamas de maçaricos, pinturas, etc.
· Má limpeza, o que leva ao acúmulo de sujeira, resíduos e pós diversos nos dutos de ventilação e ar condicionado, produtos combustíveis guardados impropriamente, nas cozinhas, lixeiras, nos depósitos, etc.
· Incêndios intencionais e sabotagem – estes atos são um sério risco para incêndios além de difíceis de prever. Os atos propositais de pôr fogo podem ser provenientes tanto dos funcionários como dos hóspedes e podem ter as mais estranhas e diferentes motivações.
· Descuido – pode ser devido à negligência de não desligar equipamentos elétricos, utilização de material inflamável (produtos para limpeza, pintura, etc.) e apagar cigarro ou semelhantes.
· Decoração temporária, típica nos casos de eventos como festas e congressos.
· Combustão espontânea de produtos inflamáveis como resíduos de materiais empregados na limpeza (pedaços de panos), estopas, etc.
· Queda de raios, incêndios resultantes de os mesmos atingirem a edificação diretamente ou cairem próximo à mesma.
· Reformas, acúmulo temporário de quantidades de materiais combustíveis acima do normal.
QUARTOS DE HÓSPEDES – Incêndios resultado de:
· Ato de fumar, principalmente quando o hóspede o faz deitado na cama e sob influência de álcool e/ou drogas. Aliás é importante destacar que de acordo com as estatísticas esta é umas das principais razões de princípios de incêndios em hotéis e o número está aumentando de maneira alarmante.
· Utilização de equipamento elétrico, como ferros de passar, barbeadores elétricos, aquecedores, secadores de cabelo, rádios, relógios elétricos, carregadores de baterias, etc., não compatíveis com a voltagem da alimentação elétrica do quarto, ou defeitos no próprio aparelho.
· Negligência no uso de aparelhos elétricos ou eletrônicos, especialmente descuido ou esquecimento de desligar os mesmos ao deixar o quarto.
Causas de Princípios de Incêndio
Como informação inicial para podermos desenvolver o raciocínio neste artigo e nos subseqüentes, vamos mostrar abaixo alguns dados estatísticos que fazem parte de relatórios sobre incêndios e princípios de incêndios de algumas redes internacionais de hotéis. Os dados estão baseados em levantamentos feitos durante um ano em diversas regiões, portanto podem ter alguma variação de país para país e/ou de uma para outra cadeia de hotéis:
Causas de Incêndios – Porcentagem |
Descuido com fumo Fumo na cama
Outros lugares
Origem elétrica Instalações
Motores e equipamentos
Equip. de aquecimento e cozinha
Proposital/sabotagem |
13%
22%
15%
4%
8%
13% |
Sistemas de aquecimento |
Falhas e defeitos no aquecedor central/caldeira
Falhas e defeitos no aquecimento tipo a gás
Outros |
1%
3%
3% |
Equipamentos de cozinha |
Resíduos em panelas |
7% |
Outras causas |
Lixo, faíscamentos
Combustão espontânea
Defeitos em instalações de gás
Causas desconhecidas |
3%
1%
1%
3% |
Como exemplo gritante: a quantidade de sistemas de proteção contra incêndio, principalmente sistemas de detecção e alarme, é incrivelmente baixa, considerando o número de hotéis já existente e os em fase de construção. No próximo artigo continuaremos fazendo esta análise e iniciaremos um estudo preliminar referente aos sistemas de proteção contra incêndio.É importante ressaltarmos que os dados acima não representam um retrato fiel dos problemas no Brasil, pois as estatísticas no nosso país são muito falhas e, evidentemente, a porcentagem pode variar em função das nossas características locais, como: manutenção muito precária, baixo índice de qualidade de mão de obra, pouca ou nenhuma especialização de funcionários dos próprios hotéis ou das terceirizações, falta de treinamento e nível educacional ruim.